terça-feira, 11 de novembro de 2008

A era da moral das aparências.


Hoje participei de uma palestra com uma antropóloga e uma coreógrafa na Espm, começou com o seguinte conceito da era que vivemos: A era da moral das aparências. O objetivo do encontro era a discussão sobre a centralização do corpo. Diz-se que o corpo assume o papel da religião nesta era... puro culto, devoção... que classifica, hierarquiza, define sujeitos... profusão do mercado em sua excessiva vinculação, associado ao prazer, saúde e bem estar... será que vivemos e buscamos realmente isso? Alguém que não lembro disse /o ego é a projeção de uma superfície/ seria esta superfície o corpo??? seria o espelho a consciência deste corpo??? reflexões... muitas duvidas. Toda matéria projeta um espaço. O eu se define ao corpo? Não existe duvidas que nossa existência é corporal, mas os cartesianos e ocidentais falam tanto da separação da mente e do corpo. E ai? As vozes foram levadas ao entendimento de que a existência é sim corporal, de um jeito, modos... únicos em cada um... mas o que preocupa é que vive-se a centralidade não com consciência do corpo e respeito a ele, vive-se na avaliação do outro. Baseia-se em um movimento de culto, muito individual, incrivelmente incentivado pelo coletivo, onde se busca a superação de si mesmo perante os outros... Não é a toa que o mundo fitness, saudável, prazeroso, belo, magro cresce. Uma pesquisa norte americana de um pequeno vilarejo aponta que os moradores se davam melhor sempre com os vizinhos da frente e não com os do lado... porque será? A aproximação e a intimidade começam a ser problema? e as biosocialidades que vivemos, internet, blogs, orkut, emails, e bla bla... e as mulheres, 90% de noszinhas aqui somos frustadas com o nosso corpo, e fazemos exercícios para ficar de bem com espelho do que porque realmente gostamos, curtimos... nossa seleção brasileira de vôlei é a única que tem o nome do pais escrito na bunda... Dados apontam que cosmetologia é o segmento de mercado que mais cresce no pais... E as plásticas, ai ai, sim falar delas... estamos em 2 lugar em números de procedimentos feitos... Enfim, as pessoas andam ocupando o grupo social e a sociedade para um up-great individual... Mas o que esta por trás dessa necessidade de manipulação do corpo? O que se busca? A si? E adianta ser só? Ao mesmo tempo que temos mais liberdade de mostrar o corpo nos castramos. Com o aumento da exibição aumenta a responsabilidade e as exigências e a preocupação com o olhar alheio... diminuímos nosso potencial inventivo e criativo... deixamos de nos permitir, de ser... de interagir... Isso não pode ser também um alivio, bem como uma manipulação mascarada do interesse de as pessoas se afastarem dos vínculos políticos e sociais? A manada não é melhor conduzida desta maneira? O espaço pessoal e social deve coabitar... O que será que a era da eficiência, resultado, jovialidade, produtos, cultura esta contribuindo realmente com a busca por si mesmo baseado em um corpo físico??? quem sabe seja bom repensar e distinguir o que são nossos padrões... naturais, impostos e/ou construídos pela cultura, convivência e ambiente.... bem como talvez seja interessante desenvolver a escuta do corpo e perceber do que ele realmente precisa. A palestra foi um tanto provocativa...

Um comentário:

  1. Adorei este post.. muito bom flor.. é realemete isto, as pessoas estão escondendo seu verdadeiro eu, atrás de seus corpos... triste isso... um beijo, teu blog ta muito bom!!!
    Sabri

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