Uma mulher de peito pela luta da sobrevivência!!
reportagem: Micheline Alves
fotografia: Marcos Prado
......Você já parou para pensar para onde vai o lixo que sai da sua casa? Há 12 anos, o fotógrafo carioca Marcos Prado não só pensou como resolveu investigar, uma experiência que transformaria sua vida para sempre. Prado passou uma década acompanhando (e fotografando) o cotidiano dos catadores de lixo do aterro Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio, para onde são levadas as sete toneladas de lixo que os cariocas produzem diariamente. Além de dar origem ao livro Jardim Gramacho, publicado pela editora Argumento, o trabalho virou um filme, não sobre o lixão propriamente dito, mas sobre a trajetória da catadora que mais impressionou o fotógrafo: Estamira Gomes de Souza.
Quando começa o filme, com estréia marcada para 28 de julho em São Paulo, conhecemos Estamira, uma mulher em seus 60 anos, saindo do barraco onde mora em Campo Grande, subúrbio do Rio, em direção ao aterro. Ela anda a pé, pega um ônibus, viaja mais de uma hora, caminha outro longo trecho e finalmente chega ao local de trabalho, o mais insalubre que se pode imaginar. Poderia se tratar da história de uma brasileira pobre, comum, como tantas outras. Só que Estamira não tem nada de comum. “A minha missão, além de ser a Estamira, é revelar a verdade, somente a verdade” é a primeira de uma série de frases estranhas e muitas vezes impressionantes que se ouve ao longo do filme. Minutos mais tarde, fica claro que ela tem um problema mental. Há anos, é acompanhada por psiquiatras da rede pública e toma remédios, o que explica suas falas muitas vezes sem sentido, e torna espantosas certas declarações, de uma profundidade que intriga.
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