Entendendo o conflito na Faixa de Gaza...........
A repórter mostra essa história de sangue, de radicalismo e de tentativas fracassadas de paz, que começou em 1948, com a criação do Estado de Israel. Faz 60 anos que o mundo acompanha esse conflito no Oriente Médio. Em seis décadas, foram muitos os momentos de altíssima tensão na região.
Por Sonia Bridi (JN/TV Globo)
Em maio de 1948, apoiando-se numa resolução da ONU que determinava a partilha da Palestina em dois Estados, os judeus declaram a sua independência, criando o moderno Estado de Israel.
Mas logo no dia seguinte, o novo país foi invadido por Iraque, Líbano, Egito e Síria. Os israelenses resistiram e ainda ampliaram o território.
Em 1967, após várias ameaças e demonstrações de força militar do Egito, Israel deflagrou um ataque preventivo e teve início a Guerra dos Seis Dias. Ao fim dela, Israel havia tomado a Faixa de Gaza, a Península de Sinai, a Cisjordânia, área onde fica Jerusalém, as Colinas de Golan e a nascente do Rio Jordão, fonte da maior parte da água consumida na Terra Santa.
Em 1973, num ataque surpresa no Yom Kipur, o dia do perdão para os judeus, Síria e Egito fracassaram na tentativa de reconquistar os territórios perdidos.
Uma tentativa de paz
Cinco anos depois, os egípcios assinaram um acordo histórico com os israelenses. O ato deu o Prêmio Nobel da Paz ao presidente do Egito, Anwar Sadat, e ao então primeiro-ministro israelense, Menahen Begin.
Na seqüência, Israel invadiu o Líbano com o objetivo de destruir focos terroristas palestinos. O Exército de Israel obrigou o então terrorista Yasser Arafat a fugir do Líbano. Durante a ocupação, milícias cristãs aliadas a Israel massacraram 800 refugiados palestinos.
Israel retirou as últimas tropas do sul do país no ano 2000. Mas seis anos depois lançou nova ofensiva, provocada pelos seguidos ataques com foguetes lançados pelo grupo Hezbollah.
Nasce o Hamas
Quando a primeira intifada, o levante, começou nos territórios palestinos em 87, Yasser Arafat comandava a Organização para a Libertação da Palestina. Um ano depois, Arafat renunciou ao terrorismo e passou a negociar a paz. A primeira intifada duraria seis anos e mataria duas mil pessoas. Nessa revolta, nascia o Hamas.
Em 93, um novo acordo de paz. E, no ano seguinte, Arafat, o então primeiro-ministro de Israel, Izaac Rabin, e o ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, dividiriam o Nobel da Paz.
Israel começou a devolver os territórios ocupados. Um radical israelense assassinou Itzak Rabin em novembro de 95. O então presidente Bill Clinton fez pressão. Mas, em 2000, Arafat recusou a proposta que dava aos palestinos o controle de 95% dos territórios ocupados.
A segunda intifada
Dois meses depois, Ariel Sharon, que liderava a oposição em Israel, fez uma visita à parte árabe de Jerusalém, onde fica a mesquita Al Aqsa. Para os palestinos, uma provocação. Começava uma nova intifada.
Desde então, até o fim de novembro deste ano, segundo a organização de direitos humanos B'Tselem, os conflitos mataram 4.897 palestinos, 580 israelenses e 64 estrangeiros. Conflitos internos entre as facções palestinas deixaram mais 594 mortos.
A construção de um muro de segurança separando Israel da Cisjordânia ajudou a reduzir os atentados com homens-bomba.
Em 2004, o líder palestino Yasser Arafat morreu e foi sucedido por Mahmoud Abbas. Ele e o então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon acertaram um cessar-fogo, que teve o apoio também do Hamas.
Em 2005, unilateralmente Israel removeu oito mil colonos judeus de assentamentos na Faixa de Gaza e retirou as tropas da região.
No início de 2006, o Hamas venceu as eleições legislativas palestinas. As divergências entre o Hamas e o Fatah, grupo do presidente Abbas, levaram a um conflito entre as facções.
Desde então, o Hamas passou a controlar a Faixa de Gaza e o Fatah, a Cisjordânia. Israel passou a restringir a entrada de combustível e suprimentos para a Faixa de Gaza.
O cessar-fogo
Em junho deste ano, Israel e o Hamas acertaram um cessar-fogo de seis meses negociado pelo Egito. Mas desde novembro se acusavam mutuamente de desrespeitar o acordo.
O Hamas anunciou que não renovaria o cessar-fogo. Os ataques com foguetes contra Israel se intensificaram e o governo israelense fez várias advertências antes de lançar a ofensiva, considerada por muitos uma resposta desproporcional aos ataques com os foguetes do Hamas.
A nova série de ataques veio a dois meses das eleições em Israel e no momento em que crescia a expectativa de negociações, com proximidade da posse do novo presidente americano. E agora, com o aumento da violência, como fica o processo de paz no Oriente Médio?
Por trás da ofensiva, Israel tem objetivos mais ambiciosos do que acabar com os ataques de foguetes. Quem afirma é o diretor de pesquisa da universidade Sciences Po, de Paris, Alain Dickhoff, organizador de uma série de estudos sobre o Estado de Israel.
“O objetivo é diminuir a influência política do Hamas, que é uma organização política e militar, tem influência social em Gaza. E Israel quer enfraquecer o Hamas estruturalmente. Nesse raciocínio, a força dos ataques se entende, não se justifica, mas se compreende, porque é a vontade de provocar mudança política. Se isso vai ser alcançado, é outra questão”.
O analista acha que Israel terá dificuldade em afastar o povo palestino do Hamas, porque isso não se consegue com meios militares. O efeito pode ser exatamente o contrário.
O pesquisador prevê que os ataques terminem em pouco tempo, porque um conflito prolongado, ou a reocupação da Faixa de Gaza, pode levar à morte de soldados israelenses e prejudicar o governo nas eleições.
Mas ele acredita em avanços em 2009. “Há vários fatores que vão ajudar. Acaba o mandato da Autoridade Palestina, há eleições no Irã e no Líbano. Mas o principal é que Barack Obama toma posse e deve agir rapidamente para mostrar que houve uma mudança”, diz ele.
Se isso acontecer, Israel pode sair com um cessar-fogo mais consistente. E os palestinos, com o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.
Mas logo no dia seguinte, o novo país foi invadido por Iraque, Líbano, Egito e Síria. Os israelenses resistiram e ainda ampliaram o território.
Em 1967, após várias ameaças e demonstrações de força militar do Egito, Israel deflagrou um ataque preventivo e teve início a Guerra dos Seis Dias. Ao fim dela, Israel havia tomado a Faixa de Gaza, a Península de Sinai, a Cisjordânia, área onde fica Jerusalém, as Colinas de Golan e a nascente do Rio Jordão, fonte da maior parte da água consumida na Terra Santa.
Em 1973, num ataque surpresa no Yom Kipur, o dia do perdão para os judeus, Síria e Egito fracassaram na tentativa de reconquistar os territórios perdidos.
Uma tentativa de paz
Cinco anos depois, os egípcios assinaram um acordo histórico com os israelenses. O ato deu o Prêmio Nobel da Paz ao presidente do Egito, Anwar Sadat, e ao então primeiro-ministro israelense, Menahen Begin.
Na seqüência, Israel invadiu o Líbano com o objetivo de destruir focos terroristas palestinos. O Exército de Israel obrigou o então terrorista Yasser Arafat a fugir do Líbano. Durante a ocupação, milícias cristãs aliadas a Israel massacraram 800 refugiados palestinos.
Israel retirou as últimas tropas do sul do país no ano 2000. Mas seis anos depois lançou nova ofensiva, provocada pelos seguidos ataques com foguetes lançados pelo grupo Hezbollah.
Nasce o Hamas
Quando a primeira intifada, o levante, começou nos territórios palestinos em 87, Yasser Arafat comandava a Organização para a Libertação da Palestina. Um ano depois, Arafat renunciou ao terrorismo e passou a negociar a paz. A primeira intifada duraria seis anos e mataria duas mil pessoas. Nessa revolta, nascia o Hamas.
Em 93, um novo acordo de paz. E, no ano seguinte, Arafat, o então primeiro-ministro de Israel, Izaac Rabin, e o ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, dividiriam o Nobel da Paz.
Israel começou a devolver os territórios ocupados. Um radical israelense assassinou Itzak Rabin em novembro de 95. O então presidente Bill Clinton fez pressão. Mas, em 2000, Arafat recusou a proposta que dava aos palestinos o controle de 95% dos territórios ocupados.
A segunda intifada
Dois meses depois, Ariel Sharon, que liderava a oposição em Israel, fez uma visita à parte árabe de Jerusalém, onde fica a mesquita Al Aqsa. Para os palestinos, uma provocação. Começava uma nova intifada.
Desde então, até o fim de novembro deste ano, segundo a organização de direitos humanos B'Tselem, os conflitos mataram 4.897 palestinos, 580 israelenses e 64 estrangeiros. Conflitos internos entre as facções palestinas deixaram mais 594 mortos.
A construção de um muro de segurança separando Israel da Cisjordânia ajudou a reduzir os atentados com homens-bomba.
Em 2004, o líder palestino Yasser Arafat morreu e foi sucedido por Mahmoud Abbas. Ele e o então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon acertaram um cessar-fogo, que teve o apoio também do Hamas.
Em 2005, unilateralmente Israel removeu oito mil colonos judeus de assentamentos na Faixa de Gaza e retirou as tropas da região.
No início de 2006, o Hamas venceu as eleições legislativas palestinas. As divergências entre o Hamas e o Fatah, grupo do presidente Abbas, levaram a um conflito entre as facções.
Desde então, o Hamas passou a controlar a Faixa de Gaza e o Fatah, a Cisjordânia. Israel passou a restringir a entrada de combustível e suprimentos para a Faixa de Gaza.
O cessar-fogo
Em junho deste ano, Israel e o Hamas acertaram um cessar-fogo de seis meses negociado pelo Egito. Mas desde novembro se acusavam mutuamente de desrespeitar o acordo.
O Hamas anunciou que não renovaria o cessar-fogo. Os ataques com foguetes contra Israel se intensificaram e o governo israelense fez várias advertências antes de lançar a ofensiva, considerada por muitos uma resposta desproporcional aos ataques com os foguetes do Hamas.
A nova série de ataques veio a dois meses das eleições em Israel e no momento em que crescia a expectativa de negociações, com proximidade da posse do novo presidente americano. E agora, com o aumento da violência, como fica o processo de paz no Oriente Médio?
Por trás da ofensiva, Israel tem objetivos mais ambiciosos do que acabar com os ataques de foguetes. Quem afirma é o diretor de pesquisa da universidade Sciences Po, de Paris, Alain Dickhoff, organizador de uma série de estudos sobre o Estado de Israel.
“O objetivo é diminuir a influência política do Hamas, que é uma organização política e militar, tem influência social em Gaza. E Israel quer enfraquecer o Hamas estruturalmente. Nesse raciocínio, a força dos ataques se entende, não se justifica, mas se compreende, porque é a vontade de provocar mudança política. Se isso vai ser alcançado, é outra questão”.
O analista acha que Israel terá dificuldade em afastar o povo palestino do Hamas, porque isso não se consegue com meios militares. O efeito pode ser exatamente o contrário.
O pesquisador prevê que os ataques terminem em pouco tempo, porque um conflito prolongado, ou a reocupação da Faixa de Gaza, pode levar à morte de soldados israelenses e prejudicar o governo nas eleições.
Mas ele acredita em avanços em 2009. “Há vários fatores que vão ajudar. Acaba o mandato da Autoridade Palestina, há eleições no Irã e no Líbano. Mas o principal é que Barack Obama toma posse e deve agir rapidamente para mostrar que houve uma mudança”, diz ele.
Se isso acontecer, Israel pode sair com um cessar-fogo mais consistente. E os palestinos, com o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.
Veja agora essa didática reportagem integralmente nas imagens do JN: http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL939750-10406,00-PALESTINOS+X+JUDEUS+O+HISTORICO+DO+CONFLITO.html
Sonia Bridi / Jornal Nacional / TV Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário